O Vietnã não costuma estar no topo das listas de lugares para visitar dos brasileiros. Quando decidimos ir, ouvi muito a pergunta “mas é seguro?”.
Muita gente não sabe disso, mas o Vietnã é um país MUITO turístico. De acordo com o Ministério da Cultura, Esporte e Turismo do Vietnã, em 2017, o país recebeu quase 13 milhões de turistas internacionais. Só como referência: o Brasil, com uma área 25 vezes maior, teve metade desse número. Muitos europeus se sentem mais seguro viajando para lá do que para a América do Sul.
O Vietnã é um país de uma diversidade cultural imensa, com influência de vários países, muito por conta de sua conturbada história de guerras e diferentes colonizações. O turismo no país oferece opções para quem gosta de cidades, natureza, história, cultura, gastronomia…
Nós contratamos a agência de viagens Terramundi para o Vietnã e outros países do Sudeste Asiático. Foi uma “mão na roda”, porque eles têm muita experiência com esse tipo de roteiro, e já nos colocam com ótimos guias e em excelentes hotéis. Além disso, tivemos a conveniência de ter sempre um transporte privativo nos esperando, sem precisar nos preocupar em pegar táxi, em conseguir alguém que falasse inglês, etc.
Para quem prefere viajar por conta, também é totalmente viável. Nos próximos posts vou contar como foi a nossa experiência em cada um dos lugares que visitamos. Mas antes, vamos conhecer um pouquinho mais sobre o Vietnã.
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Sobre o Vietnã
O Vietnã se declara uma República Socialista. Na verdade, funciona como uma economia capitalista com forte intervenção do Estado. Não é raro vermos matérias contando sobre a prisão de jornalistas no Vietnã que publicaram algum conteúdo que não agradou o governo. Apesar disso, é clara a abertura de mercado do país atualmente. As duas principais cidades, Hanói (capital) e Ho Chi Minh City (antiga Saigon), exibem grandes shopping centers e várias lojas de grifes internacionais.
Felizmente a economia e a qualidade de vida do povo vietnamita têm melhorado a cada ano. O próprio turismo ajudou muito a criar novos empregos, e a aumentar a renda das famílias. Ouvimos isso de vários locais com quem conversamos.
História
O Vietnã sofreu muito com as guerras e exploração ao longo dos anos. Por cerca de 1000 anos, o país foi dominado pelas dinastias chinesas. Apesar de ter se tornado independente no início do segundo milênio, por séculos conflitos civis e lutas políticas entre as dinastias locais marcaram a história do país. No século XIX, com os ataques franceses, o Vietnã, assim como o Camboja e o Laos, viraram colônia da França, formando a Indochina Francesa, que durou cerca de 100 anos.
Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, o Vietnã foi invadido pelos japoneses. Também foi o ano em que surgiu o movimento nacional comunista Viet Minh, comandado pelo revolucionário Ho Chi Minh. Com o fim da guerra em 1945, Viet Minh ocupou Hanói e proclamou a República Democrática do Vietnã. No entanto, a França continuou lutando pelo comando, o que gerou a Primeira Guerra da Indochina.
Em 1954 foi negociado um cessar-fogo, e Indochina Francesa foi dissolvida. O Vietnã ficou dividido em 2 Estados, o Vietnã do Norte, comunista, sob o comando de Ho Chi Minh; e o Vietnã do Sul, capitalista, e que tinha o apoio dos Estados Unidos. O Vietnã do Sul passou por diversos conflitos políticos, incluindo assassinatos, repressão por parte do governo, e golpe de Estado. Com isso, o Vietnã do Norte começou a avançar na tentativa de unificar e criar um único Estado comunista.
A Guerra do Vietnã durou até 1975, e se tornou um dos conflitos mais sangrentos do século XX. Teve forte participação dos Estados Unidos que entrou na guerra dando apoio ao Vietnã do Sul. Os Estados Unidos estavam em meio à Guerra Fria e estavam determinados a evitar a criação de mais um Estado Comunista. Apesar de toda a potência militar americana, estes saíram perdedores da Guerra e, em 30 de abril de 1975, ocorreu a Queda de Saigon. Ironicamente, a cidade que era (e continua sendo) o centro do capitalismo dentro do Vietnã levou o nome do comunista que a derrubou.
Nos 10 anos seguintes, o Vietnã viveu o período chamado de Bao Cap, que foi uma espécie de economia subsidiada, marcado pela coletivização de grandes propriedades como fazendas e fábricas. A inflação disparou, e a situação se tornou caótica. Milhões de pessoas abandonaram o país de forma desesperada, a maioria em barcos pequenos e simples, e passaram a ser conhecidos como ‘Boat People’. Muitas morreram tentando chegar em outros países da Ásia.
Em 1986, uma nova liderança surgiu, e várias reformas de livre mercado foram implementadas, num processo que ficou conhecido como Doi Moi (“renovação”). Aos poucos, a economia começou a apresentar crescimento, e atrair investimento externo, numa transição de economia estadista para uma economia de mercado.
Dados Gerais
O Vietnã está localizado na costa leste da região chamada de Sudeste Asiático. O clima é tropical, com alto índice de umidade. O problema da umidade é justamente que às vezes transforma uma temperatura de 26ºC em uma sensação térmica de 36ºC. As estações são normalmente classificadas como ‘seca’ ou ‘chuvosa’. A estação chuvosa vai de Maio a Setembro.
O idioma do país é o vietnamita. Não é comum encontrar pessoas que falem inglês, com exceção dos guias de viagem e outras pessoas que estão relacionadas com o turismo de alguma forma. É relativamente comum encontrar pessoas (normalmente de mais idade) que falem francês, por conta do período de colonização francesa.
A maioria da população é budista, mas não vimos muito a cultivação da religião. Acredito que muitas pessoas se identifiquem com o budismo mas não o praticam. Existem também outras religiões, como o próprio catolicismo, mas praticadas por minorias.
A moeda do Vietnã é o DONG, que é extremamente desvalorizada. Um dólar equivale a mais de 22.000 dongs. Por esse motivo, todos os preços são a partir dos 1000 dongs. Mesmo assim, achei tudo extremamente barato. Foi o país mais barato do Sudeste Asiático que conhecemos.
A gente se confunde facilmente com a conversão da moeda. No nosso primeiro dia no Vietnã, cometemos a grande mancada de dar uma gorjeta para um funcionário do hotel nas pressas, sem pensar. Demos 1000 dongs para ele, com a impressão de ser uma boa gorjeta. Só depois nos demos conta que isso não é nem USD0,05! Vergonha total!
Para conhecer o Vietnã, é necessário ter passaporte com validade mínima de 6 meses, e com pelo menos 1 folha em branco. O visto é feito no próprio aeroporto, no desembarque internacional, mediante pagamento de uma taxa (em 2017 o valor para brasileiros era de USD 25,00) e 2 fotos tamanho passaporte (5x7) por pessoa. É necessário apresentar o Certificado Internacional de Vacinação contra a Febre Amarela, que deve ser tomada no mínimo 10 dias antes do embarque.
Em relação à alimentação, confesso que fiquei com um pouco de receio antes de ir depois de ouvir algumas histórias de pessoas que passaram mal no Sudeste Asiático. Para evitar esse tipo de problema nesses países, o principal é não tomar água da torneira e evitar pedir bebidas com gelo. Nós evitamos também suco natural e comida de rua, escolhendo normalmente restaurantes mais “limpos à primeira vista”. De resto, é só aproveitar! A gastronomia no Vietnã é deliciosa e muito diferente do que tudo que já vimos em outros lugares do mundo. Para quem gosta de restaurantes mais finos, pode conferir algumas sugestões no site The Snob’s List.
Roteiro de Viagem no Vietnã
Fizemos um roteiro para conhecer os principais lugares do Vietnã, de Norte a Sul. Começamos em Hanói, que é a atual capital, e principal ponto de saída para a belíssima Ha Long Bay. Depois seguimos para Hue, que é a antiga capital, cheia de história. Em seguida, fomos para Phong Nha, onde tem o Parque Nacional com algumas das maiores cavernas do mundo. As últimas foram Hoi An e Ho Chi Minh (mais conhecida pelo antigo nome Saigon).
O principal meio de transporte que utilizamos para se deslocar de uma cidade à outra foi o avião. As distâncias são relativamente grandes, e tem várias companhias low-cost que operam no Sudeste Asiático, como AirAsia e JetStar. A Vietnam Airlines, companhia aérea estatal, é a principal do país, e é excelente. Para quem preferir, muitos trajetos também podem ser feitos de ônibus ou trem.
Além das cidades que conhecemos temos certeza de que tem muito mais! O Vietnã surpreende a todo momento, mas infelizmente nunca dá para conhecer tudo. O Vietnã é um dos países que mais gostei e mais tenho vontade de voltar.
Coisas que mais amamos da nossa viagem ao Vietnã:
- A oportunidade de conhecer mais sobre a história desse país contada pelo seu próprio povo;
- Toda a beleza natural, como a lindíssima Ha Long Bay, e como as exuberantes florestas no lado ocidental que conhecemos na passagem para as cavernas;
- A gastronomia, tão diferente e deliciosa;
- O povo vietnamita que, além de toda a receptividade, constantemente demonstrava uma alegria genuína de estar recebendo pessoas do mundo todo e vendo seu país admirado por estrangeiros.
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