Devil’s Staircase, um dos lugares mais bonitos na estrada de Queenstown para Te Anau
Saindo de Wanaka, pegamos a estrada novamente para o Sul em direção a Te Anau, passando por Queenstown. Te Anau é um pequeno município na porta do Fiordland National Park, região no sudoeste da Ilha Sul, onde ficam os fiordes da Nova Zelândia.
A idéia inicial era ficar somente em Queenstown, porém quando descobrimos que o tempo de viagem para Milford Sound era de quase 4hs de Queenstown, mudamos a programação.
De Wanaka para Te Anau são aproximadamente 230km, e mais uma vez a viagem passa por cenários lindíssimos que merecem ser fotografados.
Milford Sound e o Fiordland National Park
Mas o que é um fiorde? Um fiorde é um grande “braço” de mar, comprido e sinuoso, entre montanhas. O Milford Sound é o fiorde mais visitado da Nova Zelândia. Dos seus “irmãos” dentro do Fiordland National Park, Milford Sound é o mais famoso e acessível, já que é possível chegar até ele pela State Highway 94.
Há outras opções de fiordes na região, como o Doubtful Sound. No entanto, a logística é um pouco mais complicada. O Doubtful Sound é o mais profundo dos fiordes, e também um dos mais longos. Para acessá-lo, o ponto de partida é a cidade de Manapouri, de onde é preciso atravessar o Lago Manapouri de barco.
Como chegar em Milford Sound?
O tempo ruim na viagem para Milford Sound prejudicou a paisagem na estrada e acabou impedindo nossa parada em alguns lugares.
A cidade mais próxima de Milford Sound é Te Anau, onde ficamos por 2 noites hospedados em um AirBnb. Milford Sound está a quase 2hs de carro de Te Anau, são 120km através da Milford Road (SH94).
Quem estiver hospedado em Queenstown, pode ir de ônibus pela InterCity para Milford Sound. No entanto, são mais de 4hs de viagem o trecho, e você acaba limitando os horários do passeio de barco.
Como em toda Nova Zelândia, a estrada para Te Anau é cheia de ovelhinhas!!!!
Se estiver de carro, saiba que os últimos postos de combustível são em Te Anau.
No caminho tem várias paradas que permitem curtas caminhadas em meio à natureza, veja abaixo as principais.
Mirror Lakes
Mirror Lake, um dos pontos de parada na estrada para Milford Sound, dentro do Fiordland National Park
A aproximadamente 60km de Te Anau está a entrada para o Mirror Lakes. Não é difícil entender o porquê do nome: o reflexo do lago é perfeito.
Para chegar, basta estacionar ao lado da rodovia, nas vagas demarcadas, e seguir por uma trilha curta e fácil por um tablado de madeira. O lago está literalmente ao lado da rodovia.
Mirror Lake, no Fiorland National Park, entrada de Te Anau para Milford Sound
Cascade Creek / Lake Gunn
Depois que passar pelo Mirror Lakes, siga por mais 18km (sentido Milford Sound) até o Lake Gunn Nature Walk. A entrada fica logo após uma pequena ponte.
A trilha de 1,4km em círculo começa no Cascade Creek, um riacho de águas verdes e cristalinas. A caminhada passa por muitas árvores e pelo Lago Gunn de onde se tem um visual lindo com montanhas ao fundo.
Homer Tunnel
O Túnel Homer é um túnel de 1,2km de extensão que está na própria Milford Road, a cerca de 25km do Cascade Creek. O túnel tem 3.8m de altura e originalmente era todo em cascalho. Antes de ser transformado em asfalto, era o maior túnel de cascalho do mundo.
O Túnel Homer é considerado um marco como obra de engenharia por sua extensão, já que foi na sua maior parte escavado manualmente, e em um local remoto com condições difíceis. Sua conclusão levou quase 20 anos. Parte por conta de sua interrupção durante a 2ª Guerra Mundial, mas também em parte por causa das avalanches que ameaçavam a área. Os operários tinham que dormir em barracas em uma área gelada e montanhosa, onde quase não bate sol em uma boa parte do ano. Alguns chegaram a morrer nas avalanches, e muitos se feriram com pedras que rolavam das montanhas.
Ainda hoje, o túnel é pista única, e seu tráfego é liberado através de um semáforo, em horários pré-determinados. A paisagem ao redor é magnífica, repleta de montanhas nevadas. Na entrada leste (mais próxima a Te Anau), há um vão do lado direito para estacionamento. Dependendo da época do ano, você consegue enxergar os glaciares em cima das montanhas, formando cascatas de neve nos paredões de pedra.
The Chasm
O visual incrível do Rio Cleddau moldando as rochas e formando um cânion no ‘The Chasm’
A aproximadamente 8km do Homer Tunnel (sentido Milford Sound), está o The Chasm Walk. Trata-se de uma pequena trilha que passa por 2 pontes com vista para o curso do Rio Cleddau.
O rio desce seu curso passando por algumas quedas violentas, formando uma série de cascatas. É impressionante ver as formações das pedras que foram moldadas pela força da água.
A trilha é fácil, acessível, e tem cerca de 400m o trecho. Há um amplo espaço para estacionamento do lado esquerdo para quem segue sentido Milford Sound.
O que fazer no Fiordland National Park?
Nosso passeio em Milford Sound – a neblina tomou conta e a visibilidade do passeio foi péssima.
As atividades mais populares nos fiordes são os passeios de barco e caiaque, para contemplar as gigantes montanhas surgindo do mar. Normalmente também faz parte do passeio avistamento de vida marinha, como focas e o golfinho-nariz-de-garrafa (bottlenose dolphin).
Uma dica importante: reserve o passeio com alguns dias de antecedência, mas consulte a previsão do tempo. Em dias de chuva e neblina, a visibilidade é péssima. As empresas dificilmente cancelam os passeios, a não ser que a segurança do passeio esteja em risco.
Golfinhos-nariz-de-garrafa passando ao lado do nosso barco em Milford Sound
São várias empresas que oferecem os passeios de barco nos fiordes. Nós contratamos o da Go Orange, por NZD 45,00 por pessoa. Foi um passeio de 2hs de duração, saindo as 9hs da manhã. Infelizmente a neblina ocupou toda a área e nem dava para enxergar as montanhas. Ainda queremos voltar para esse lugar para conseguir fazer o passeio em um dia bom.
Para os mais aventureiros, o Fiordland National Park oferece várias opções de trilhas – na maioria mais exigentes. Você pode conferir mais detalhes no site do parque.
Te Anau Bird Sanctuary
Se ficar hospedado em Te Anau, aproveite para conhecer o Te Anau Bird Sanctuary. O local é um santuário para aves nativas que sofreram algum tipo de ferimento e ainda não tem condições de sobreviver na natureza.
O Te Anau Bird Sanctuary é gratuito, mas você pode dar uma contribuição para ajudar a manter o trabalho deles.
Uma das “estrelas” do local é o Takahe, uma ave endêmica da Nova Zelândia, hoje ameaçada de extinção.
Queenstown
Chegando em Queenstown!
Depois de mais 170km de estrada de visual incansável…. Finalmente chegamos ao nosso último destino da Nova Zelândia! Sim, estou me referindo à capital mundial de aventura e esportes radicais, Queenstown!
Queenstown está localizada às margens do Lago Wakatipo, na Ilha Sul da Nova Zelândia. A vista de dentro da cidade é engrandecida pela proximidade das montanhas chamadas de The Remarkables (“Os memoráveis”).
Durante o inverno, muitas pessoas praticam ski e outros esportes de inverno nos Remarkables.
Apesar de bastante conhecida, Queenstown tem uma população de somente 15 mil habitantes e é classificada como uma ‘resort town’, nome designado para lugares que vivem do turismo.
Pessoas que moram lá nos disseram que “ninguém vem de Queenstown”. Isso eu não sei, mas é mesmo perceptível a quantidade de pessoas que vem de outros países ou de outras regiões da Nova Zelândia. Muitas pessoas que moram em Queenstown hoje estão lá para um intercâmbio, um estágio ou Working Holiday.
Onde se hospedar em Queenstown
Nosso AirBnb em Queenstown com vista para os ‘Remarkables’
Queenstown é uma cidade realmente pequena, o centro é facilmente percorrido a pé. O centro de Queenstown fica na parte mais baixa, bem próximo ao lago. Um bom ponto de referência é o Readings Cinema.
Quem estiver a pé, vale a pena tentar se hospedar próximo ao centro. Apesar de normalmente os preços serem mais altos.
No entanto, nós estávamos de carro, e por isso decidimos ficar em um AirBnb em Fernhill. Esse bairro está um pouco mais afastado do centro, mas de carro levava menos que 10 minutos para chegar. No final, a localização foi excelente pois o local era mais elevado e com isso a vista para os Remarkables era realmente memorável.
Como se locomover em Queenstown
Estrada de Queenstown a Glenorchy – uma das estradas mais cênicas da Nova Zelândia!
O transporte público funciona muito bem em Queenstown. O custo regular da passagem é NZD 5,00, mas você pode pagar somente NZD 2,00 se adquirir o cartão GoCard. O cartão pode ser adquirido no aeroporto de Queenstown ou no próprio ônibus e custa NZD 5,00. Confira mais informações no site do Otago Regional Council.
Se ficar hospedado no centro, talvez nem precise do transporte público. Queenstown é pequena e dá para rodar facilmente a pé ou de bicicleta. Os passeios muitas vezes incluem transporte próprio, vale a pena conferir cada caso.
O carro vale muito a pena para quem quer explorar a região em seu próprio tempo. A topografia do sul da Nova Zelândia proporciona paisagens maravilhosas, com montanhas e lagos para todo lado. Para quem gosta de dirigir, recomendo pegar um carro para visitar as cidades vizinhas como Arrowtown e Glenorchy.
O que fazer em Queenstown
O gigante Lago Wakatipu
Queenstown é a capital dos esportes radicais da Nova Zelândia. Atividades de aventura que podem ser feitos em Queenstown incluem Bungee Jumping, paraquedismo, paragliding, passeios de balão, rafting, Jetboat rides, trilhas Offroads, ciclismo, entre outros. É só escolher. Vou descrever com mais detalhes abaixo os que nós fizemos.
Primeiramente, o que eu recomendo, é planejar logo de início o que se pretende fazer. O site de turismo de Queenstown tem bastante informação sobre as atividades. Algumas atividades têm vagas bem limitadas e sem uma reserva prévia você simplesmente pode não conseguir fazer.
Além disso, as agências que vendem os passeios têm liberdade para negociar valores. Ou seja, se você contratar um “pacotão” com uma mesma empresa pode conseguir algum desconto.
Vale a pena pesquisar bem e negociar preços. Muitas agências vendem passeios não só de Queenstown, mas de outros lugares também. Nós fechamos um “combo” com 2 passeios em Queenstown, e um na Austrália, que seria nosso próximo destino. Dessa forma conseguimos um desconto razoável.
Considerando que os preços desse tipo de atividade são bem altos, qualquer desconto é muito bem-vindo.
Jetboat
Jetboat “rasgando” no Shotover Canyon
São os barcos a jato inventados pelos próprios neozeolandezes, e hoje são utilizados como uma atividade turística. Os passeios de ‘jetboat’ em Queenstown envolvem alguns minutos de muita adrenalina em um barco a jato que passa em alta velocidade por trechos estreitos de um cânion e chega a rodopiar 360 graus.
Você irá notar que algumas empresas realizam esse tipo de atividade, cada uma em um local diferente.
Nós escolhemos fazer com a Shotover Jet, que percorre o Shotover Canyon, basicamente por ser a mais tradicional. O tempo dentro do barco é de 25 minutos, e o valor regular é NZD 149 por pessoa (ouch!).
O passeio foi divertidíssimo. Saímos encharcados, mas demos muita risada. Recomendo!
Swing
No momento do “pulo”
O swing é uma atividade bem parecida com o bungee jumping. Porém, no swing, a trajetória é de um pêndulo, e não vertical. Ou seja, você cai em queda livre por um tanto, mas aí passa a ser puxado lateralmente pela corda até parar completamente. O bom é que a transição é tão sutil que você nem sente.
Eu nunca havia saltado de lugar nenhum e tinha pavor disso. Concordei em saltar desde que não fosse sozinha e que pudesse ir de costas. Na verdade, essa modalidade de salto permite que você pule da forma que quiser. Pessoas que pulam com frequência procuram inovar se jogando de diferentes formas.
Em queda livre no Shotover Cânion, em Queenstown.
Em Queenstown são no total 4 locais que performam atividades de bungee e swing. O mais alto de todos é o Nevis, com 160m de altura. Nós fizemos o Shotover Canyon Swing, realizado no cânion Shotover. A mesma empresa realiza o Swing e também Shotover Canyon Fox, uma modalidade de tirolesa com queda livre.
O Shotover Canyon Swing tem 109m de altura e 60m de queda livre. São alguns segundos de muita adrenalina, mas que valeram muito a pena, e fazem você querer ir de novo.
O valor regular dessa atividade é NZD 249 por pessoa – independente de se fazer sozinho ou em dupla. O transporte está incluso. Fotos e vídeos são cobrados à parte.
Skyline Queenstown
Vista do Skyline Queenstown para a cidade com os “Remarkables” no fundo. Agora imagina essa vista com sol e céu azul.
Skyline Queenstown é um parque construído no topo da montanha chamada de Bob’s Peak. Os principais atrativos desse local são a gôndola, o Luge Run e a incrível vista que se tem da cidade de cima. O parque também conta com uma pista para mountain bike.
Nós adquirimos o combo ‘Gondola + 2 Luge’ e custou NZD 55 por pessoa. Esse combo permite que a pessoa utilize a gôndola para subir e descer a montanha e faça 2 corridas de Luge Run. O que é quase como se fosse 1 só, pois a 1ª corrida é feita obrigatoriamente em uma pista para treino.
O preço de acesso ao parque pela gôndola (sem o luge) é de NZD 35,00 por pessoa. Os ingressos são vendidos no próprio local. Nós compramos na hora mesmo e não tivemos problema.
O que é Luge Run?
O ‘luge’ é um tipo de trenó desenvolvido para esportes de inverno. Na Nova Zelândia, cidades como Queenstown e Rotorua oferecem corridas de luge (“luge run”) como opção de entretenimento. Não é como uma corrida de kart; no ‘luge run’ a pessoa começa a corrida sozinha, podendo ultrapassar ou ser ultrapassada depois de alguns metros.
A pista é sempre em declive e normalmente conta com várias curvas. No Luge Run do Skyline Queenstown a pista tem 800m de extensão. Cada pessoa controla a própria velocidade. É rápido, mas muito divertido.
Recomendo ir em um dia de céu limpo para que se possa aproveitar melhor a vista do topo da montanha.
O que mais fazer em Queenstown
Céu “pegando fogo” em Queenstown – o incrível visual do céu de um amanhecer com a “distribuição perfeita” das nuvens.
Queenstown, apesar de muito turística, é uma cidade muito agradável, com um visual muito bonito. Mesmo quem não curte atividades de aventura vai aproveitar o lugar.
É uma cidade com muitas lojas, cafés e restaurantes. O cinema é estilo “boutique”, pequeno e super charmoso, com um visual antigo.
A hamburgueria Fergburguer é a mais popular, chega a ter a fama de ter o melhor hambúrguer do mundo – nós gostamos, mas não achamos o melhor que já comemos.
Hambúrguer do Fergburguer, em Queenstown.
Para quem gosta de cookies, recomendo muito o Cookie Time. O local tem um apelo infantil mas o cookie é realmente bem gostoso e sempre tem alguma promoção ou brinde.
A cidade de Queenstown também recebe vários festivais sazonais. Clique aqui para acessar o calendário de eventos.
Os arredores de Queenstown também proporcionam muitas possibilidades. A região é produtora de vinho, e algumas vinícolas são abertas para visitação. Arrowtown e Glenorchy também são 2 cidades próximas que merecem uma visita.
Arrowtown
A simpática cidade de Arrowtown, a 20km de Queenstown.
Arrowtown é uma cidade que parece ter saído de um filme de velho-oeste. Essa charmosa cidade fica a somente 20km de Queenstown e é uma excelente opção de passeio de um dia.
No outono, Arrowtown fica especialmente bonita com a mudança da coloração nas árvores.
As cores das árvores de Arrowton no Outono com o Rio Arrow – vale a pena um bate-volta de Queenstown!
A cidade tem uma importância histórica no período de mineração do ouro. A mineração foi uma importante atividade econômica para a província de Otago no século XIX. Atualmente, pessoas praticam “mineiração de brincadeira” no Rio Arrow.
Curiosidade: O Rio Arrow foi o local utilizado por Peter Jackson para filmar a cena em que a Arwen despista os Nâzgul enquanto leva o Frodo para Rivendell, no filme Senhor dos Anéis: a Sociedade do Anel.
Início da trilha para Macetown, em Arrowton
Uma outra cidade que também foi importante na época da mineração é Macetown. Macetown fica a 15km de Arrowtown, mas não há estradas que liguem as 2 cidades. Macetown hoje é uma cidade abandonada e se tornou uma reserva histórica. As pessoas visitam essa cidade fantasma por trilhas (a pé ou de bike) ou em passeios de 4x4.
Glenorchy
Fotos de Glenorchy e da estrada – deslize para a lateral para ver as outras.
Glenorchy está na ponta norte do Lago Wakatipu, a cerca de 45km de Queenstown, na Ilha Sul da Nova Zelândia. Esse pequeno povoado é uma das portas de entrada para o Mount Aspiring National Park, na costa oeste da Nova Zelândia.
Por sua localização próxima às montanhas, Glenorchy é o ponto de partida para algumas trilhas de 3-5 dias, famosas pelas paisagens lindíssimas do Mount Aspiring National Park, como a Routeburn Track. De lá também saem passeios de jetboat e funyaks (caiaques infláveis) pelo Dart River.
Mas mesmo para quem não tem a intenção de fazer atividades extras, Glenorchy vale a visita. É um excelente lugar para almoçar e passar a tarde. Além disso, só a viagem de Queenstown a Glenorchy já é linda, com o visual do Lago Wakatipu na estrada e as montanhas ao fundo.
Se você tiver com carro 4x4, pode querer se arriscar a pegar a estradinha de Glenorchy a Paradise. A estrada chega no local que foi usado como ‘Isengard’ na filmagem de O Senhor dos Anéis. Foi um caminho que tentamos fazer de carro baixo mas acabamos desistindo em função das condições da estrada e trechos alagados.
Visual do Lago Wakatipu, na estrada de Queenstown para Glenorchy.