Nossa viagem começa em Delfinópolis, ao pé da Serra da Canastra. Delfinópolis é uma cidade pequena, simples, mas cercada de natureza, com mais de 100 cachoeiras. Delfinópolis fica literalmente entre um paredão da Serra da Canastra e o rio Grande, o que faz com que o acesso principal à cidade passe por um trecho de balsa.
Nós fomos em um final de semana após o Carnaval, que é uma ótima época para viajar, por ser baixíssima temporada, então pegamos a cidade bem vazia e o caminho tranquilo. No entanto, ouvimos muito dizer que nos feriados, o movimento cresce muito, e isso acaba gerando um grande fluxo para atravessar pela balsa (que é pequena) e pode ter um grande tempo de espera. Existe uma opção de acesso sem pegar a balsa, mas que implica em dar uma grande volta e por uma estrada de terra, com condições bem ruins. No final, pode acabar sendo melhor encarar a fila mesmo!
Apesar de pouco conhecido, Delfinópolis não é um destino muito barato. Só para chegar (saindo de São Paulo) gastamos aprox. R$50 em pedágios, mais os R$23 da balsa (pago só no trecho de volta). Os complexos de cachoeiras cobram valores de R$20 a R$30 de entrada por pessoa.
Quanto tempo ficar em Delfinópolis? Tudo depende do quanto você quer conhecer, mas uma sugestão é ficar na cidade por pelo menos 2 dias inteiros, normalmente dá para conhecer 2 complexos por dia. Se for alta temporada e a cidade tiver cheia, talvez você queira fazer os passeios com mais calma e começar mais cedo para aproveitar melhor cada local.
Complexo do Claro
O Complexo do Claro fica relativamente próximo do centro da cidade (aprox. 8km), e apesar de ter estrada de terra, costuma ser facilmente acessível para qualquer veículo. O complexo conta com 5 cachoeiras em um percurso de trilha fácil de aprox. 750m. O valor de entrada é R$20/pessoa (valores ref. Fev/2018).
Cachoeira da Paz, Complexo do Claro, Delfinópolis
A maioria das cachoeiras tem espaço para banho, mas as preferidas costumam ser a Cachoeira da Paz (acima) e a Cachoeira da Gruta (abaixo).
Cachoeira da Gruta, Complexo do Claro, Delfinópolis
Um dos grandes atrativos da Cachoeira da Gruta é a própria gruta que foi formada atrás da cachoeira, onde é possível chegar nadando pelo poço.
Vista por trás da cachoeira, de dentro da gruta.
Nesse lugar existe estrutura para almoço, onde é cobrado $25/pessoa, mas nós optamos pelo almoço no próximo destino:
Complexo do Paraíso
O Complexo do Paraíso, ao contrário do Complexo do Claro, tem suas cachoeiras bem mais espalhadas… do início da trilha até a última cachoeira são 4km de extensão (8km ida e volta). O valor de entrada no parque é de R$25/pessoa e, R$30 o almoço. Posso dizer que o almoço é delicioso, comida mineira bem caseirinha, feita na hora, com um buffet variado, achei que vale muito a pena! Esse complexo conta com uma estrutura melhor, tem uma pousada no local e ao lado do restaurante também tem uma área bacana de descanso, com bancos e um redário.
A trilha é bem demarcada e começa com as cachoeiras que dão nome ao Complexo, Paraiso I e Paraiso II. As duas são bem relaxantes, mas na parte de cima da Paraiso II tem uma piscina natural que talvez seja ainda mais atrativa para o banho.
Cachoeira do Paraíso, Complexo do Paraíso, Delfinópolis
Passando essas 2 cachoeiras, a trilha segue mais 1,5km até a próxima parada, a cachoeira do Sofazinho. O trecho de 1,5km até o Sofazinho é aberto, passando bem pela paisagem do Cerrado mineiro, e predominantemente plano. A cachoeira do Sofazinho tem um poço para banho, com áreas rasas e áreas fundas, e na cachoeira tem um “sofazinho” de pedra onde dá para sentar e sentir a pressão da água gelada.
Paisagem típica de Cerrado na maior parte da trilha no Complexo do Paraíso.
O Sofazinho dá início a uma sequência de cachoeiras mais próximas uma da outra, mas é justamente onde a trilha começa a ficar íngreme e difícil. A última cachoeira é a do Triângulo, que fica a uma distância maior das outras. Infelizmente não conseguimos fazer o restante pois começou a chover e, por segurança, resolvemos voltar.
Complexo da Maria Concebida e do Ouro
Esses 2 complexos estavam reservados para o nosso segundo dia em Delfinópolis, no entanto, o tempo virou e esses passeios se tornaram inviáveis. É importante informar que, além da maior distância, o acesso a esses 2 complexos é por uma estrada muito pior, então vale a pena consultar localmente as condições da estrada antes de tentar o caminho. Se chover, pode ser um risco ir com carro baixo. Do centro de Delfinópolis são aprox. 25km até a Maria Concebida, e de lá, mais 20km até o Complexo do Ouro (a maior parte do trecho para a Maria Concebida é caminho para o Ouro também).
O Complexo da Maria Concebida custa R$20/pessoa e é um dos principais atrativos da região, com cachoeiras lindas, águas muito transparentes e uma pequena piscina natural de água quente, o que não é algo que se encontra facilmente em outros lugares da região. O lado ruim é que é um complexo sem estrutura nenhuma, e é necessário caminhar por 2km do estacionamento até a sede da fazenda, passando por uma pinguela de assustar.
O Complexo do Ouro está a uns 40min da Maria Concebida e é um complexo que tem pousada e lanchonete. O valor da entrada também estava em R$20/pessoa, e o local conta com 3 cachoeiras que parecem ser muito bonitas. No geral, a trilha não parece ser muito difícil, algumas pessoas comentaram somente de alguns trechos de dificuldade, onde há escadas mal conservadas.
Considerações finais de Delfinópolis
Apesar da cidade estar de certa forma “ilhada”, o local é um ótimo destino de ecoturismo, cercado pela bela paisagem do Cerrado e com trilhas de diversos níveis. Além dos 4 complexos mencionados acima, existem muitas outras trilhas e cachoeiras na região. Demos preferência para as mais conhecidas e acessíveis, mas tem algumas como a do Luquinha e a Paraíso Selvagem que também devem ser muito bonitas mas que pelo nível de dificuldade é preferível ir com guia.
Pelo fato de ter muitos acessos por estrada de terra, pegar um 4x4 pode ser uma boa idéia para conseguir explorar melhor a região. Vale a pena sempre conversar no hotel ou pousada e consultar as condições das estradas, principalmente em época de chuvas.
Sempre recomendável levar filtro solar, repelente de insetos, boné, e um bom tênis para caminhada, de preferência que possa molhar.
Nossa hospedagem em Delfinópolis foi no JP Hotel (custou $160/diária), no centro, bem próxima da Pizzaria do Jefferson, que é um ponto de referência na cidade. O hotel é simples mas limpo e com o conforto que precisávamos.
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