De Conceição do Mato Dentro voltamos pela MG-010 até a Serra do Cipó, que se divide entre os municípios de Santana do Riacho e Jaboticatubas.
Nessa parada, decidimos “nos esbaldar” e hospedar na Pousada e Spa Capim do Mato. O quarto é excelente, super espaçoso e com uma cama muito confortável. O café da manhã é maravilhoso. Mas, o melhor de tudo é que eles dão como “bônus” uma experiência hidroterapêutica no Spa com produtos L’Occitane, que pode ser em um ofurô ou em uma banheira com hidromassagem. Por ser dia de semana na baixa temporada, o valor da diária foi de R$520,00.
Relaxando na piscina da Pousada Capim do Mato em meio à natureza.
O que fazer na Serra do Cipó?
O principal atrativo da região é o Parque Nacional, que tem mais de 33mil hectares de área protegida, e é lar de muitas espécies de plantas e animais, inclusive alguns ameaçados de extinção, como o lobo-guará, a onça parda e o tamanduá bandeira.
A área delimitada pelo Parque Nacional da Serra do Cipó é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade; e a topografia acidentada e a grande quantidade de nascentes formam rios, cachoeiras, cânions, e poços para banho, que podem ser acessados por diversas trilhas, para serem feitas a pé, a cavalo, ou de bike.
Além disso, tem também algumas opções de cachoeiras “independentes”, que não ficam na área no Parque Nacional, mas passa por áreas particulares, e por isso costumam cobrar um valor para acesso. É o caso da Cachoeira Véu da Noiva, Cachoeira Grande e Cachoeira Serra Morena. Tem também quem use a região da Serra do Cipó como base para fazer as trilhas para a Cachoeira do Tabuleiro.
Parque Nacional da Serra do Cipó
O acesso ao Parque Nacional da Serra do Cipó é gratuito. Para explorar o parque, podem ser feitas trilhas que são divididas em 2 circuitos, conforme abaixo:
- Circuito Vale da Bocaina: acesso às Cachoeiras do Gavião, das Andorinhas, e do Tombador – para esse circuito deve-se acessar o parque pelo Portão do Retiro. A distância até a primeira cachoeira é de cerca de 7km.
- Circuito Vale dos Mascates: acesso à Cachoeira da Farofa, ao Cânion das Bandeirinhas, e à Cachoeira Capão dos Palmitos – para esse circuito deve-se acessar o parque pelo Portão das Areias.
Optamos por fazer o Circuito Vale dos Mascates. As trilhas podem ser feitas a pé, a cavalo, ou de bicicleta, o que costuma ser uma boa opção, já que as distâncias são grandes. Para crianças, idosos, ou pessoas com alguma dificuldade para andar longos trechos, alguns trajetos podem ser feitos com um Jeep credenciado, mas mesmo assim uma parte do trecho terá que ser feita a pé.
A maioria das trilhas podem ser feitas sem o acompanhamento de guia, mas é preciso cautela, principalmente se houver chance de tempestade, para evitar trombas d’água. É importante ter noções de tempos e distâncias, e estar equipados com um kit básico com água e comida.
Nós alugamos bicicletas na Casa dos Ciclistas (R$75 para 2 bicicletas), e a intenção era ir até o Cânion das Bandeirinhas (que são 12km de distância do Portão das Areias), passando pela Cachoeira da Farofa (que acrescentaria mais uns 2km por trecho). Da mesma forma que aconteceu em vários outros destinos nessa viagem, pelo fato de estarmos no período da cheia (que por um lado foi bom pois pegamos as cachoeiras com bastante força), foi necessário ter o dobro de cautela e repensar o planejamento de acordo com o tempo.
Bonita vista da trilha na Serra do Cipó ao chegar no vale, com a vegetação densa do Cerrado
A trilha para o Cânion das Bandeirinhas e para a Cachoeira da Farofa estava aberta para passagem mas os funcionários do parque haviam nos alertado que, por conta das chuvas, o caminho estava bem lamacento e com trechos até alagados. Confesso que apesar do alerta, nunca imaginei que seria tanto! Um caminho que deveria ser fácil (já que é plano na maior parte), foi cheio de “sobe e desce” da bike, passagens tensas por água que vinha até o joelho (às vezes por mais de 100m), e sempre cuidando para não derrapar na lama.
Nos trechos muito alagados, chegamos a sair da trilha para tentar fugir das poças, mas acabava sempre sendo pior, porque a vegetação ficava muito densa e alta, e o medo de ser surpreendido por alguma aranha ou cobra nos fazia voltar para a trilha.
Imagino que na época de seca não seja nada assim. Por esse motivo, é sempre bom se informar sobre as condições das trilhas. Não me arrependo de ter feito (para mim o final compensou), mas vai muito de cada um o que está disposto a aturar.
Cachoeira da Farofa, vista do trecho final da trilha na Serra do Cipó
A condição da trilha piorava conforme avançávamos e, apesar dos quilômetros já percorridos, muitas vezes nos perguntamos se não seria melhor voltar. Decidimos seguir até a Cachoeira da Farofa. Deixamos as bikes em torno de 1,5km antes dela (antes de atravessar um segundo rio), e seguimos o resto a pé.
Pouco depois, já era possível enxergar a cachoeira de longe. Chegando mais próximo dela, começou um caminho sobre as pedras, mas em poucos metros já nos vimos de frente para a Cachoeira da Farofa! Ela é realmente muito bonita, e diferente de várias outras. O volume de água estava tão grande que o poço principal não estava propício para o banho, então acabamos nos refrescando nos poços menores que ficavam logo abaixo.
Cachoeira da Farofa, finalmente!
Após conseguir relaxar na água e comer um lanche, resolvemos voltar. A idéia era ir até o Cânion da Bandeirinhas, mas sabíamos que podia começar a chover a qualquer hora, e com a trilha alagada daquele jeito, não seria tão rápido para conseguir voltar.
Cachoeiras fora do Parque Nacional
Decidimos conhecer o complexo do Véu da Noiva e o da Cachoeira Grande, este último em parte por ser o mais próximo do nosso hotel. Os 2 complexos são bem diferentes. Para ser sincera, gostei mais da Cachoeira Véu da Noiva.
O Complexo da Cachoeira Grande conta com uma trilha de fácil acesso a diferentes pontos da corredeira. Por esse motivo, o espaço é mais amplo e tem algumas opções de poços para banho.
A trilha é bem sinalizada, mas o local não tem muita estrutura, somente banheiro para os visitantes. A entrada fica na beira da estrada que cruza a cidade, muito fácil de encontrar. É cobrada uma taxa de R$30 por pessoa para visitação.
Cachoeira grande, Serra do Cipó, Minas Gerais
A Cachoeira Véu da Noiva fica em uma propriedade que pertence a ACM (Associação Cristã de Moços), e para se chegar na cachoeira, basta seguir por uma trilha simples de aprox. 400m. A cachoeira fica quase “escondida” por um paredão de pedra e, apesar da grande altura, fica numa área pequena. Acho até que parte da beleza dela está nisso, como se fosse um lugar remoto e secreto. Eu definitivamente recomendaria tentar visitar num dia mais vazio.
O Complexo do Véu da Noiva também está na boca da rodovia MG-010, bem fácil de encontrar. Apesar de ser uma só cachoeira, tem outros 2 poços (menores) para banho no meio da trilha, e uma piscina natural com água que vem da cachoeira bem na entrada do parque.
O complexo conta com uma larga estrutura que inclui área para camping, chalés, restaurante, banheiros e vestiários, churrasqueira, entre outros. Por isso é normal muitas pessoas passarem o final de semana, ou um dia inteiro no local. O valor cobrado para entrada é de R$30 por pessoa para permanência durante o dia, mas para quem só pretende conhecer e ficar até 1h no local, só paga R$11 por pessoa.
Cachoeira Véu da Noiva
A Cachoeira da Serra Morena também é uma famosa atração da região, e fica a uma distância de cerca de 8km da rodovia principal, que segue por uma estrada de terra. Também está na região de propriedade privada, e é cobrada uma taxa de R$30 por pessoa para entrar. Vimos algumas fotos e o lugar parece realmente muito bonito.
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